Eu
nasci há muito tempo. Foi uma festa quando fui colocado aqui, do lado do lugar
mais importante da cidade : A Igreja Matriz. De certa forma eu me sentia
orgulhoso, pois estava numa posição de destaque na sociedade dos bancos de
praça. Houve uma festa, e no coreto da praça a frente, ouvia-se musicas e
pessoas dançando e comemorando.
Durante
anos vi muita coisa acontecer. Vi casais brigando, casais se apaixonando, vi
disputas por varias razões. Vi da paixão ao ódio passando pelo amor.
Hoje
estou muito cansando, mas resisto bravamente ao tempo. Há pouco a praça foi reformada e nos reformaram. E foi assim, de roupa nova, que naquele dia
de sol e muita chuva, um homem atravessou
a praça, parou na minha frente e começou a me olhar fixamente. Ele me
lembra alguém, acho que nos conhecemos. Enquanto ele se afasta com outras
pessoas, eu começo a me lembrar de uma distante noite de verão....
Havia
uma garota, que já me frequentava algumas vezes, fogosa e sempre apaixonada.
Sempre vinha com alguém, um desses rapazes
que também frequentavam a praça. Mas naquela noite, ela chegava com um rapaz
diferente. Ele era mais novo e tinha um jeito diferente de falar. Eu nunca
havia escutado alguém falar assim.
Estavam com sua irmã e outro rapaz que eu já conhecia. Mas eles
escolheram outro banco. Eles começaram a
conversar e eu os ouvia atentamente, ele falava de outra terra, que ela dizia querer conhecer. Imaginei todos
esses lugares, deveria ser lindo. De repente ele a beija e ela apenas diz :
Eita. Acho que no fundo ele não entendia
direito o que ela dizia. Confesso que
também não entendia. Nem ela, que falava rápido demais nem ele com essas
palavras diferentes. Não demoraram muito e saíram de mãos dadas caminhando pela
praça. Ali estava acesa mais uma paixão de verão. Apenas uma chama que logo se apaga, como já
vira muitas vezes. Nunca esqueci aquele rapaz com um jeito diferente de falar,
tinha “s” demais. Então ele aparece
correndo novamente me olha e me aponta uma maquina fotográfica. Acho que ele se
lembrou de mim. Tira umas fotos, entra no seu carro, com as mesmas pessoas e
vai embora.
Mas
trouxe de volta a felicidade de um cansado banco de praça que o serviu uma vez para acender uma paixão de
verão. Fui reconhecido, minha missão estava cumprida.