domingo, 31 de maio de 2015

Banco de Praça





    Eu nasci há muito tempo. Foi uma festa quando fui colocado aqui, do lado do lugar mais importante da cidade : A Igreja Matriz. De certa forma eu me sentia orgulhoso, pois estava numa posição de destaque na sociedade dos bancos de praça. Houve uma festa, e no coreto da praça a frente, ouvia-se musicas e pessoas dançando e comemorando.
    Durante anos vi muita coisa acontecer. Vi casais brigando, casais se apaixonando, vi disputas por varias razões. Vi da paixão ao ódio passando pelo amor.
    Hoje estou muito cansando, mas resisto bravamente ao tempo.  Há pouco a praça foi reformada e nos reformaram.  E foi assim, de roupa nova, que naquele dia de sol e muita chuva, um homem atravessou  a praça, parou na minha frente e começou a me olhar fixamente. Ele me lembra alguém, acho que nos conhecemos. Enquanto ele se afasta com outras pessoas, eu começo a me lembrar de uma distante noite de  verão....
    Havia uma garota, que já me frequentava algumas vezes, fogosa e sempre apaixonada. Sempre vinha com alguém, um desses  rapazes que também frequentavam a praça. Mas naquela noite, ela chegava com um rapaz diferente. Ele era mais novo e tinha um jeito diferente de falar. Eu nunca havia escutado alguém falar assim.  Estavam com sua irmã e outro rapaz que eu já conhecia. Mas eles escolheram outro banco.  Eles começaram a conversar e eu os ouvia atentamente, ele falava de outra terra,  que ela dizia querer conhecer. Imaginei todos esses lugares, deveria ser lindo. De repente ele a beija e ela apenas diz : Eita.  Acho que no fundo ele não entendia direito o que ela dizia.  Confesso que também não entendia. Nem ela, que falava rápido demais nem ele com essas palavras diferentes. Não demoraram muito e saíram de mãos dadas caminhando pela praça. Ali estava acesa mais uma paixão de verão.  Apenas uma chama que logo se apaga, como já vira muitas vezes. Nunca esqueci aquele rapaz com um jeito diferente de falar, tinha  “s” demais. Então ele aparece correndo novamente me olha e me aponta uma maquina fotográfica. Acho que ele se lembrou de mim. Tira umas fotos, entra no seu carro, com as mesmas pessoas e vai embora.

    Mas trouxe de volta a felicidade de um cansado banco de praça que o serviu  uma vez para acender uma paixão de verão.   Fui reconhecido, minha  missão estava cumprida.

sábado, 30 de maio de 2015

Adeus Tio Chico, o cara de outros Carnavais.


    Aqui no centro oeste tem uma expressão que  vou usa-la, “Pense num cara gente boa !!!”
    Esse cara era o tio Chico, irmão de minha mãe, ou simplesmente Chicão. Nem era grande, nem forte para ganhar um apelido assim no aumentativo, mas era tão gente boa que todos faziam questão de supervalorizar o seu nome. Eu tenho lembranças desde a Barrauto  em Barra  do Pirai. Eu gostava de visita-los, o que fazíamos constantemente. Foi um cara corajoso, assim que casou, ignorou totalmente o perigo e disse para minha querida tia Vilma : “ Olha, 361 dias do ano sou seu, mas nos 4 dias de carnaval eu sou do mundo.” Acho que ela não acreditou muito na tamanha petulância e acabou aceitando. Mas trato é trato. E nos meus primeiros carnavais no Clube Comercial, eu sempre encontrava com ele. Arregalava os olhos para meu lado, meio que  pensando, “Por que  esse moleque  cresceu ? E ainda é sócio do mesmo clube que eu.” Mas só nos cumprimentávamos e íamos cada um para seu lado, pois eu estava sempre com amigos.

As vezes íamos juntos, mas quase sempre nos encontrávamos na saída. Ultimamente quando ele tentava me sacanear  eu dizia que o conhecia de outros carnavais , na frente da tia Vilma. Ele empalidecia e mudava de assunto, me ameaçando. Sentirei saudades. Vá em paz meu tio querido, que nossos antepassados te recepcionem com muita alegria. Um dia nos encontraremos mais ainda não.

domingo, 24 de maio de 2015

Parabéns meu Amor !! 25-05-2015





Feliz  aniversário meu amor....
Eu poderia te  falar mil coisas, mas sei que nos entendemos no olhar. Muitas vezes palavras não são necessárias. São na verdade desnecessárias. Acredito que temos a mesma essência, pois mesmo sem a verbalização, os pensamentos convergem. É engraçado como as vezes estamos pensando a mesma coisa. Mas como isso  é um texto, tenho que expressar com palavras, sim escritas, o que sentimos e o que somos um para o outro.
Há alguns anos, você mudou minha vida, transformou um tenebroso inverno, numa primavera feliz. E não parou ai, continua mudando todos os dias e se tornou a grande companheira dessa a ventura que chamamos de vida.  Te chamo de bruta, mas a candura da sua brutalidade, transcende a capacidade de distribuir seu amor de esposa e de mãe. A vida  é mais colorida com você. A cada conquista juntos estamos mais unidos e são muitas.
Que nossas almas continuem se comunicando pelo olhar, que possamos entrelaçar cada vez mais nossas almas, que viajam de mãos dadas ao horizonte do infinito, de olho na aurora do nosso amor e cumplicidade.
Parabéns meu amor, minha vida, minha amiga, minha cumplice....

EU  TE AMO

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Adeus Tia Branca

Mais uma pessoa querida que desceu na estação anterior. Seu nome é Tia Branca, vulgo Maria do Carmo da Silva Arantes. Vulgo porque quase ninguém conhecia seu nome.  Nossos passeios em Angra e todo nosso convívio ficará na em minha memória, como uma  brisa doce soprando em meu rosto, com foi a Senhora. Ao invés de falar mais da senhora, prefiro deixar isso por conta do meu irmão, um de seus alunos e  sobrinhos. Vá em paz e nos veremos um dia, mas ainda não.

"Minha tia Branca querida, obrigado por tudo. Por me formar como cidadão, nunca vou esquecer dos meus primeiros passos na escola Chapeuzinho Vermelho onde a senhora me conduziu e formou meus valores éticos. Obrigado por estar do meu lado sempre, seu exemplo de dedicação, honestidade, carinho e compreensão viverá comigo para sempre. Só que conviveu ao seu lado pode saber o quanto fostes generosa… Um dia muito triste aqui na terra, de uma lacuna muito grande nos corações das pessoas que te admiram´. Fique em paz…"

Emiliano Valério

sábado, 2 de maio de 2015

O churrasco do meu pai.

    Ontem foi dia de churrasco na  laje do João Valério.  Chegamos na quarta feira de carro, direto de  Brasília.   Ele acordou cedo, foi até a padaria, comprou muitos pães,  e foi para a churrasqueira. Colocou o carvão e usou um pão velho embebido de álcool como acendedor. Enquanto lentamente o carvão pegava fogo, ele foi preparar a carne, pois no almoço tudo deveria estar pronto. Minha Mae subiu para a cozinha e começou a fazer o café. Acordamos com aquele cheirinho de café e pão quente, que atraiam todos para o terraço. Um a um formos acordando e subindo para o café. A Alana havia chegado na noite anterior, vindo de ônibus de Simonésia. A Iris também, vindo de Vitoria.
    Apos o café, a Rosana chegou com  Iara e Yasmin. A festa estava formada. As meninas ajudavam a mãe na cozinha  preparando o almoço, enquanto o Pai corria atrás do João ameaçando-o a arrancar o seu piruzinho, enquanto a Julia tentava defender o irmão, mas soltando altas gargalhadas. Era uma relação especial, com seu único neto. Mas o xodó com suas princesas era muito grande também. Afinal eram 7. Logo chega o Emiliano com a Emily, vindo de Santa Catarina. O Barulho era infernal, gritos e mais gritos, musica alta e um sorriso  na boca daquele senhor de  poucos cabelos e grisalhos que saiu da roça de manhumirim para vencer na cidade grande. Uma família grande e muitos netos, era o seu sonho, 4 filhos e 8 netos. Filhos que tinha orgulho de carregar o seu Valério no nome. Pouco antes do almoço o Flavio, chega com a Karoline, havia se atrasado um pouco no transito.
    A grande mesa, que até jogávamos ping pong, foi arrumada e colocada sob ela a comida, e os pedaços de carne, já preparados pelo pai.
Animação geral, crianças gritando, disputando carne e refrigerante, sob o olhar da Avó. Enquanto  ele apenas  sorria.
    No final da tarde, começaram as despedidas. Meu pai abraçou a todos, tiramos uma foto e a emoção e saudades apertou todos os corações. Ele olhou para o Flavio, como quem oferece uma carona. E logo depois  foram caminhando juntos e ainda olharam para atrás para um ultimo tchau, antes de desaparecerem no horizonte. Todos acenaram e rogaram suas preces.
Assim terminou  mais um churrasco do João Valério, também conhecido como Brizola.
    Sei que estaremos todos juntos um dia, mas não agora. Até lá ficam o amor e saudade dominando nossos corações.

    Feliz Aniversario meu Pai, meu amigo, meu herói.