quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Feliz Natal

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O Caminho


     
     As vezes nos deparamos com lindos caminhos, numa aprazível manhã ensolarada.  Uma leve brisa sopra, espalhando as folhas do inverno no chão, anunciando a primavera. Um caminho que não me canso de caminhar. Mas nem sempre os caminhos que tomamos são assim. Muitos são tortuosos, lentos, com espinhos que ferem nosso corpo e alma. Feridas que custam mais de uma vida para serem curadas. Muitos caminhos escolhemos, outros são escolhidos e impostos a nossa caminhada. Mas o importante é caminhar. Outras vezes temos a sensação, que o caminho nos caminha. Nos sentimos impotentes, sendo movidos por um fluxo de vida, sem controle. Muitas vezes temos as encruzilhadas do caminho, e temos que fazer escolhas. O quão difícil é. Só queríamos caminhar. Mas as escolhas as quais somos impostos, nos trazem onde estamos, forjam nossas vidas e nosso caráter.

     Porém contra o fluxo da vida, não temos escolhas, temos que continuar caminhado. 
     E que nossos caminhos sejam lindos como uma linda manhã de primavera, regrados de paz e amor!

domingo, 12 de julho de 2015

Uma vez... sempre !!



Deitado numa rede,  sob a sombra de  coqueiros, em praia paradisíaca, o andarilho descansa. Mas sua mente nunca. E nunca entendeu porque. Sempre foi diferente, não aceitava explicações sem bons embasamentos. Seu caráter questionador e inquieto, já o colocou em varias  saias justas.  Seu jeito inconformista e questionador o impediu de ficar muito tempo na igreja.  Sabia que tinha muitos passados e cada um deles contribuiu para formá-lo de certa forma.  A paisagem era realmente linda, o som da agua  na arrebentação  parecia colocá-lo em transe. Estranhamente a tarde caiu rapidamente, e as ondas começaram a bater mais forte nas pedras, as quais já nem lembrava que estavam ali. Viu a chegada da noite, precisava voltar, mas as ondas insistiam em castigar o penhasco.  Lentamente uma névoa passava diante dos seus olhos, o que era estranho, pois  estava no solstício de  verão.  Sabia que o que passo que estava preste a dar teria um impacto profundo. Memorias soltas começaram a saltar das profundezas de sua mente. Imagens da sua infância nas melhores escolas da Inglaterra. Seus pais sempre se orgulharam de sua inteligência , sonhavam que um dia estaria na corte ou  no clero episcopal. O padre da escola varias vezes tentou levá-lo para o seminário. Mas ele nunca se sentiu seguro. O padre sabia que  um jovem com essa inclinação questionadora, não faria bem para a igreja se ficasse fora dela.
Seguiu  o serviço público, onde conheceu muita gente interessante  e sociedades que se mantinham secretas, pois naquele momento a igreja estava de olho tudo. Qualquer situação diferente, em que a igreja se sentisse ameaçada, poderiam ser  réus da  santa inquisição.  Ele não queria se meter com a igreja, mas conheceu uma mulher, que transmitia serenidade e sempre tinha uma explicação para as questões complexas da vida.  Ela possuía  o que ele sempre quis ter, conhecimento. Os encontros  ficaram mais frequentes e ela começou a ensiná-lo.  Pouco tempo depois ela se revelou, pois não podia continuar, sem que seu aprendiz soubesse de onde vinham aqueles ensinamentos. Ela era uma bruxa.  Demorou para ele absorver a informação. Como poderia ? Segundo a igreja, as bruxas eram ignorantes com pactos demoníacos ! Sua mestra era uma das pessoas mais amáveis e sábias de toda Londres. Depois de expulsar seus demônios interiores resolveu continuar com o aprendizado, mesmo correndo os riscos de ser preso e torturado. Sua sede era maior. E depois de um ano e um dia, lá estava ele  sentado no alto de um penhasco meditando sobre sua escolha. Uma leve mão toca o seu ombro. Já estava tudo pronto.  Ele se levanta , segue a jovem mulher  por uma pequena trilha que leva para uma clareira, numa pequena floresta na Cornualha. Lá haviam pessoas num círculo, com capuzes e no centro uma senhora que ele conhecia bem, juntamente com um senhor de cabelos grisalhos.  As chamas da fogueira crepitavam  no círculo, enquanto entoavam cânticos em homenagem a natureza.  A Jovem entrou no círculo passando por cima de uma vassoura. Quando ele foi fazer o mesmo, uma daquelas pessoas, colocou o punhal no seu peito e perguntou o que ele queria.
Ele sabia que se cruzasse  aquele portal, estaria morrendo para sua vida atual e renascendo. Nunca mais seria o mesmo. Era o grande momento pelo qual aguardava durante um ano, traria mais conhecimento e mais responsabilidades. Olhou para a bruxa, disse as palavras rituais e sua passagem foi liberada. Tirou todos os seus pertences e entrou no circulo. Não levamos nada para a outra vida, apenas sabedoria. Foi recebido pela sua Mestra que começou o seu discurso dizendo  “Entenda, uma vez bruxo, sempre bruxo, pelos séculos de sua existência...”  Ela continuava enquanto ele olhava fixamente para a fogueira. Sentia o calor no corpo, e a voz da sacerdotisa ia ficando mais distante. Voltou a ouvir o barulho das ondas, cada vez mais alto e percebeu que o sol batia em seu rosto. Duas crianças  e uma jovem o chamavam insistentemente. A Jovem se aproximou e disse : “Vamos pai, daqui a pouco escurece e temos que aproveitar o  máximo  o verão do litoral baiano.”
Meio atordoado o andarilho se levantou e deu um sorriso para o mar. Agradeceu as entidades  marinhas e aos céus. Tudo estava claro agora “Uma vez bruxo, sempre bruxo. “


domingo, 5 de julho de 2015

Um pouco de política

Um pouco de politica

Nos anos oitenta, sonhávamos com a democracia e um povo politizado. Não havia muita liberdade, mas as bandas de rock politizadas faziam sucessos entre a juventude. Essa consciência embrionária mais a acessão  de políticos nacionalistas e o desgaste do militarismo, nos levaram a tão sonhada democracia, depois de mais de vinte anos de repressão militar.
E o que vemos hoje ?  A população trata as eleições como se fosse uma partida de futebol. Temos uma presidente eleita, pela maioria, que não  é respeitada por aqueles que votaram no outro candidato. O povo não entendeu o que é democracia. Simplesmente estão torcendo para o time perdedor. Sim, gostando ou não a presidente representa a todos brasileiros. Seus atos afetam a todos, para o bem e para o mal. Porém o clima de  torcida adversaria ainda impera. A derrocada do governo é a derrocada de todos. Ainda tem gente esperando um terceiro turno. Precisamos avançar, como ?
Temos que voltar a nossa velha aula de educação moral e cívica, para entender o que acontece na esfera governante. Poderes Executivos, Legislativo e Judiciário, regidos pela constituição. Devem ser harmônicos e controlar um ao outro. E nessa estrutura o que temos ?
Nosso congresso faz o que bem quer e entende. Enquanto a população se dividia entre coxinhas e ptralhas, não perceberam que deixaram as portas da casa do povo (congresso) ser arrombada pelos piores deputados e senadores que já vi até então. Esse senhores hoje fazem o executivo de refém, colocam cabresto no judiciário  e ferram com os brasileiros que ainda estão discutindo o terceiro turno presidencial. Estimulam o ódio de partidos para no calar da noite da ignorância dos brasileiros, eles possam passar, em votações questionáveis, as maiores atrocidades contra o povo.
Citando alguns, demoraram meses para aprovar o orçamento da união, obrigando  o executivo atrasar o pagamento de obras, gerando demissões e aumentando o caos na sociedade.  A culpa caiu no executivo, que ainda precisava cortar ainda as contas publicas. E quando a situação estava insustentável, o Olimpo nacional aparece com o orçamento aprovado, acrescido de um aumento de três vezes nas verbas parlamentares, mais um parlashopping e algumas outas cositas.  A presidente se viu obrigada a aceitar, ou não veria o orçamento tão cedo.  Mergulhando as contas do pais no caos. Esses caras são brasileiros ?
Nas ultimas semanas  vimos que o jogo no congresso só acaba quando o presidente da casa ganha. Uma vergonha. Lembrando que ele não  é o único culpado, pois não vota sozinho.
Ah onde estão os 39 deputados citados na lava jato? no mínimo blindados.
Entre  um impeachment e uma dissolução do congresso, fico com o segundo.  O presidente é eleito democraticamente , o congresso nem tanto, com essa obscura estrutura de votos por legenda. Sistema que, por sinal, não fizeram o mínimo esforço para alterar,  chamando o circo armado no congresso de reforma política.
Precisamos deixar de ficar pensando na prorrogação das eleições presidenciais e focar no que temos, um congresso dançando o tchá tchá tchá em nossas cabeças, enquanto revoltados on ou  off line, desviam a  atenção para o outro lado da equação.
Nessa  partida, somos todos do mesmo time. Brasil !

domingo, 31 de maio de 2015

Banco de Praça





    Eu nasci há muito tempo. Foi uma festa quando fui colocado aqui, do lado do lugar mais importante da cidade : A Igreja Matriz. De certa forma eu me sentia orgulhoso, pois estava numa posição de destaque na sociedade dos bancos de praça. Houve uma festa, e no coreto da praça a frente, ouvia-se musicas e pessoas dançando e comemorando.
    Durante anos vi muita coisa acontecer. Vi casais brigando, casais se apaixonando, vi disputas por varias razões. Vi da paixão ao ódio passando pelo amor.
    Hoje estou muito cansando, mas resisto bravamente ao tempo.  Há pouco a praça foi reformada e nos reformaram.  E foi assim, de roupa nova, que naquele dia de sol e muita chuva, um homem atravessou  a praça, parou na minha frente e começou a me olhar fixamente. Ele me lembra alguém, acho que nos conhecemos. Enquanto ele se afasta com outras pessoas, eu começo a me lembrar de uma distante noite de  verão....
    Havia uma garota, que já me frequentava algumas vezes, fogosa e sempre apaixonada. Sempre vinha com alguém, um desses  rapazes que também frequentavam a praça. Mas naquela noite, ela chegava com um rapaz diferente. Ele era mais novo e tinha um jeito diferente de falar. Eu nunca havia escutado alguém falar assim.  Estavam com sua irmã e outro rapaz que eu já conhecia. Mas eles escolheram outro banco.  Eles começaram a conversar e eu os ouvia atentamente, ele falava de outra terra,  que ela dizia querer conhecer. Imaginei todos esses lugares, deveria ser lindo. De repente ele a beija e ela apenas diz : Eita.  Acho que no fundo ele não entendia direito o que ela dizia.  Confesso que também não entendia. Nem ela, que falava rápido demais nem ele com essas palavras diferentes. Não demoraram muito e saíram de mãos dadas caminhando pela praça. Ali estava acesa mais uma paixão de verão.  Apenas uma chama que logo se apaga, como já vira muitas vezes. Nunca esqueci aquele rapaz com um jeito diferente de falar, tinha  “s” demais. Então ele aparece correndo novamente me olha e me aponta uma maquina fotográfica. Acho que ele se lembrou de mim. Tira umas fotos, entra no seu carro, com as mesmas pessoas e vai embora.

    Mas trouxe de volta a felicidade de um cansado banco de praça que o serviu  uma vez para acender uma paixão de verão.   Fui reconhecido, minha  missão estava cumprida.