domingo, 23 de setembro de 2007

Primavera



Hoje, o dia e a noite tem exatamente a mesma duração. Esse evento natural nós chamamos de equinócio, ou melhor equinócio da primavera.
Essa data marca o equilíbrio do mundo onde as forças do inverno e do verão se equivalem. A partir de hoje teremos os dias mais longos até o solstício de verão onde o dia terá o seu ápice.
Estamos enfim na primavera, onde a natureza se renova e podemos contemplar sua transformação. Onde a Deusa Ostara, ou Demeter.... vem trazer fecundidade às nossas vidas, nos mostrando que a renovação deve ser realizada. Deixamos o velho para que o novo possa entrar. Há algumas tradições que dizem que o Mestre Jesus não nasceu num solstício e sim num equinócio. Exatamente o da primavera, onde essas tradições celebram o ano novo.
O equilíbrio é sempre a melhor forma de conduzirmos nossas vidas. E é exatamente o que nos mostra os equinócios.
Esse ano no planalto central, a natureza foi dura com seus habitantes. Uma seca que dura quase 4 meses, deixa toda a paisagem seca e cinza. Nada mais resta das vigorosas arvores verdes, do manto verde que existe no cerrado. Tudo é poeira e desolação.
Andando no parque o Andarilho percebe um colorido diferente no chão. Um grande tapete amarelo, se formava em todo de uma grande arvore. E as arvores do lado também correspondiam. O que antes era cinza, agora emerge do milagre da vida, cores vivas e apaixonantes.
Um olhar mais atento ele percebe dois pássaros, os quais nunca tinha visto antes, desfilando na grama seca, mas já compondo uma paisagem de retorno a vida.
Uma emoção tomou conta de seu coração, sentou-se na grama e observando os pássaros agradeceu a Grande Mãe, por tão bela lição de vida. A energia dela fluía pelas suas mãos aterradas.
Abençoado seja esse dia, abençoada seja a Natureza.
Por mais que tudo na sua vida pareça acabado, seco, sem vida, lembre-se : Sempre há tempo para renovar, para recomeçar. Então o que estamos esperando ? Façamos da primavera, o começo do Verão de nossas vidas.

sábado, 8 de setembro de 2007

VOU SER VÓ

Estou experimentando a sensação de ser vovó do João Viana. Confesso que é muito agradável.
Ser vó. Sinto-me grávida da Raquel pela segunda vez. É difícil de definir, mas sensacional sentir. Acariciar a barriga, torcer para ele dar um chutinho para eu vibrar diante dos outros:
Foi só com a vó.
Não imaginava como vó é boba. Fico imaginando seu nascimento com carinha de joelho e jurando que é o mais bonito da maternidade.
Sua mãe necessitando descansar para repor as energias consumidas no trabalho de parto, e João Viana pronto para sugar seu leite que há nove meses estava sendo preparado com total controle de qualidade.
Imagino o pai babão, o avô eufórico, os tios todos com cara de bobos, a vó Vanira, inchada de orgulho com o primeiro neto varão. A Alana com as mãos entre o rosto, pensando sabe Deus o quê.
Só em pensar já é difícil segurar a emoção; os primeiros choros, as primeiras mamadas, os primeiros banhos, enfim, tudo é emocionante.
É maravilhoso o milagre da vida, o ciclo em que somos submetidos. Ontem eu vivi essa experiência em circunstancias bem diferente, mas com muita emoção, e ate muito contida na emoção. Hoje, a situação é bem diferente, e é para melhor.
Bem vindo João Viana, venha sem medo, é esperado, amado, e será muito bem protegido por todos nós.
Aguardamos você meu querido, no tempo certo, sem pressa.

Um beijo da vó, Osvaldina


Caldas Novas, agosto de 2007.

Amor e tolerância


Na cidade do México, há um museu nas ruínas do El Templo Mayor. O andarilho caminhado pelas suas ruínas, descobertas numa demolição, observa a grande catedral cristã erguida ao lado. Dentro do museu, ele admira as peças de uma cultura que já não existe, máscaras artefatos, restos mortais, marcas de uma magnífica cultura, exterminada por espanhóis sedentos de conquistas. Ele chega a uma sala, onde está montada uma maquete do templo. Que linda obra! Uma maravilha arquitetônica.
Um sentimento de decepção e raiva aflora do andarilho, ao comparar aquela linda obra com as suas ruínas. Como podem os espanhóis fazer isso? Destruíram uma cultura, a força, para impor a deles. O pior que muitos deles estavam motivados pelo seu "Deus" que não gostava de idolatria pagã. Isso era motivo para matar, destruir e pilhar. Que tristeza. O Andarilho vê mais uma vez a Catedral imponente na principal praça da capital mexicana. Símbolo de fé e da nova ordem no México. Construída a menos de 500 metros das ruínas do Templo. A mente do andarilho começa a viajar nas barbáries praticadas pelos espanhóis aos habitantes nativos daquela tão bela cultura. Ainda bem que essas barbáries não acontecem hoje. Será?
De volta ao Brasil, caminhando pelo centro, onde deveria haver um cartaz de uma bela peça de teatro, há um enorme letreiro que dizia: "Igreja Universal..."
Não sabia que existia uma igreja universal, na qual todos compartilhassem com ela seus preceitos. E quem lhe deu o direito de usar o seu poder econômico para comprar cinemas, teatros, para poder vender a sua versão de um livro considerado sagrado?
Agora ao invés de artistas no palco, há pastores (?!), ao invés de aplausos, há uma gritaria histérica. Será que o Deus que eles cultuam é surdo?
O poder econômico de igrejas compra os antigos templos de arte e cultura e os transformam em locais religiosos. Eles também não se importam com a arte e a cultura do povo. Apenas querem que as pessoas sigam suas verdades e seu modo de vida. E de preferência que paguem para isso. Esse tipo de organização transforma nosso povo em serem incapacitados de pensar e tomar decisões. A cultura e outros conhecimentos são ligados ao mal, assim ficam proibidos. Uma verdadeira vida de gado, que nem marca tem.
Rapidamente o Andarilho lembra dos espanhóis no méxico. Qual a diferença ? Talvez alguns séculos de distância, mas os objetivos são os mesmos.
Não somos diferentes, fazemos as mesmas atrocidades, só que as dos outros são sempre piores que as nossas.
Ele desaparece no meio da noite, caminhando por uma rua escura, que esconde a lagrima que rola no seu rosto. Ao longe podemos ouvir o seu coração clamar por amor e tolerancia.