quarta-feira, 23 de julho de 2014

Celebrando

     Segue  calmamente, o Andarilho, caminhando pela noite fria de junho, numa rua escura de sua cidade  natal. Não sabia bem o que procurava, então resolveu andar e deixar a vida leva-lo a algum lugar. Na rua, havia poucos postes  que salpicavam fachos de luz nas calçadas. Já passavam das nove da noite, e as pessoas estavam recolhidas em suas casas descansando depois de um dia de trabalho. Mas no alto da rua, havia uma casa iluminada. Não apenas com as luzes das lâmpadas, mas também  com o calor de uma energia  sutil e brilhante.
Isso chamou sua atenção e instintivamente foi em direção ao portão da casa. Ao chegar percebeu que havia uma festa. Mas era uma festa diferente,  a principio parecia uma festa como outra qualquer, mas aquela era diferente. Atravessou a  rua, sentou-se na calçada, na penumbra de uma pequena arvore e ficou observando.
      Era uma festa de família. A cada  pessoa que chegava, haviam gritos e demonstrações de felicidade. Duas pessoas na churrasqueira bebiam alegremente enquanto serviam os demais. Algumas crianças corriam pelo quintal e brincavam em um pula pula.  As pessoas se separavam em pequenos grupos, depois os grupos mudavam, e reagrupavam. Não havia logica, pois todos queriam falar com todos.  Trocar  as experiências, projetos ou simplesmente as boas  lembranças. E durante um bom tempo todos conversavam  e celebravam o vinculo deles, com muita comida e bebida.
      De repente um momento mais solene. Um vídeo é passado diante de todos, onde puderam ver a si mesmos há muitos anos atrás. Uma época de juventude, onde estavam juntos com todos os antepassados, que conheceram e seus entes queridos, que ali não estavam, ou que haviam partido para outra jornada. Mas os laços que os unem permanecem, o  Philos emanava de uma forma sutil e consistente.

      Após  o vídeo, ele percebeu uma outra mudança de energia, doces, fotos  e despedidas. Um até logo de cada um que  saia da festa. Cada um que passava pelo portão trazia uma lividez no rosto e uma alegria de ter mergulhado no rio do amor fraterno, revigorados. Já passava da meia noite quando os dois últimos casais deixaram o lugar. Estavam radiantes.  Mas festa acabara.  As luzes  iam se apagando e o Andarilho deixou o local  com um bom pedaço daquele amor emanado, embora nem todos o conheçam, mas ele conhece a todos.   Ele desaparece na noite escura da sua cidade,  feliz, pois encontrou  novamente o maior dos milagres, o AMOR.