E ali estava ele, numa cidade que
não era sua, certa que mais um clico se findava. No trajeto de ônibus até o
hotel, via todos os detalhes daquela cidade diferente. Já tinha andado muito,
esperando revê-la. O coração do Andarilho estava confuso, cheio de amor e
incertezas. As luzes dos cristais, da grande arvore, brilhavam penetrando sua
alma. Deixando um doce sabor de amargor em sua boca. Havia postergado o seu retorno para casa, na
esperança que algumas horas a mais fossem o suficiente para mostrar-lhe um novo
caminho. Onde houvessem novos sonhos que
pudessem alimentar sua alma, já há muito em frangalhos. Com fome e sede de
amor, de renovação.
O tempo passava e tudo parecia em
vão. Andou um pouco e parou para jantar. Na TV novas velhas notícia que não lhe
interessavam mais. Dali a uma semana era Natal. Onde a esperança do retorno da
luz ao mundo se renova. Onde os corações começam a se reaquece, pois o seu
estava tentando sair de um tenebroso inverno.
As horas num instante viraram
minutos, angustia e apreensão tomaram conta do seu ser. Sabia que tinha feito
tudo que podia, mas o amor de verdade floresce em dois. Outro passo deveria ser
dado e não dependia mais dele. Ele sabia que era um passo de coragem o mesmo
que ele havia dado. A derrota era eminente e nesse momento, ele transformou a
televisão em sua melhor amiga, aliada dos corações solitários. De repente umas
algumas cenas aleatórias passam em sua frente e o sono parece carrega-lo para o
mundo dos andarilhos, juntamente com sua esperança. Momentaneamente ele perde a
consciência, que é retomada com um barulho na porta. Cambaleando ele se
levanta, olha para o relógio, já passava da meia noite, ninguém havia
interfonado. Quem seria? ao abrir a porta, meio ainda sem saber em qual mundo
estava, a viu linda e ofegante. Ainda teve tempo de ouvir “Feliz Aniversário”.
E sua vida nunca mais foi a
mesma. O mistério do Natal, Yule....
Estava revelado. A esperança e o amor estavam de volta. Um brinde ao Amor e a
Vida.