quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Um pouco de Entusiasmo

    Numa tarde de final de primavera, lá ia o Andarilho atravessando apressadamente um estacionamento, quando uma  cena o paralisou. Um carro acabava de passar vagarosamente na  sua frente e   pasmem estava  enfeitado a moda antiga, com  desejos de felicidades escritos com  pasta de dentes, papel higiênico e uma  “rabiola” de  latas. Fazia tempo que não via um desses. Era um carro de  recém casados. Ele atravessou a rua e parou para  observar um grupo de pessoas  bem arrumadas no meio do estacionamento, todas felizes e conversando entre  si e  as  vezes  até  saltitando.  Olhou para o lado e  lembrou-se que ali havia um cartório. Novamente voltou a fitar aquelas pessoas. Haviam acabado de  testemunhar  um casamento, mais que isso, haviam comungado de um sonho de alguém querido, que acabava de compartilhar os seus próprios sonhos e  por que não a vida  com  alguém amado. Então ele viu tantas possiblidades de uma nova vida, tantos sonhos a serem vividos, tantos planos, tudo envolvido pelo entusiasmo, que contaminava a todos ali, inclusive ele. Que energia  boa essa !  Pensou consigo mesmo. Apesar de já haver presenciado vários casamentos, esse  tinha  um algo a menos, que virou  a mais.  A simplicidade. Sem glamour, sem festas  gigantescas, apenas os dois sonhadores e seus entes mais queridos.
   O Andarilho não conseguia tirar os olhos daquela situação, mas tinha que ir, pois também estava comprometido com o sonho de outras pessoas. Aproveitou para absorver um pouco daquela energia e  sentiu um pouco daquele cheiro,  cheiro de sonhos, cheiro de vida. Foi se afastando, agora um pouco mais devagar, se deliciando com um pouco do entusiasmo recobrado.