quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O dia das Bruxas



Tão criticado, tão comemorado. Vemos grupos radicais defendendo a cultura brasileira, dizendo que hoje deveria ou é o dia do saci.
Todo radicalismo é insensato, pois dentro de visões cegas, esquecem que o todo tem que ser analisado.
O dia das bruxas, popularizado como o Halloween é uma festa originada nos antigos cultos pagãos chamado de Samhain.
Esse antigo festival, comemorado pelos povos do hemisfério norte, marcava o auge do outono, época que o sol "sumia" do mundo, dando a vez ao rigoroso inverno. O sol só voltaria ao mundo em Yule, por volta do dia 21 de dezembro.
Samhain marca a ida do Deus sol para o submundo, o mundo dos mortos. Por essa razao o festival também é conhecido como Festival dos Mortos. Segundo o paganismo é a época do ano em que os véus, que separam os mundos dos mortos e dos vivos, ficam mais tênues tornando possível uma melhor comunicação entre os dois mundos.
Essa data também marcava o ano novo celta.
Com o advento do cristianismo, os antigos festivais foram deturpados e cristianizados. Yule virou Natal e os três dias de Samhain viraram véspera de todos os santos (Hallwo's eve, depois Halloween), Dia de Todos os Santos e Finados. Na verdade não perdeu muito a essência, pois continuamos com o culto aos mortos.
Então o Halloween é um resquício de uma cultura pagã, existente ainda hoje. O Samhain é comemorado por muitos pagãos no mundo e inclusive no Brasil. É um festival de cunho mundial. Podemos até afirmar que o Halloween é uma "deturpação" do Samhain. E mais o Samhain é o auge do outono e estamos, no hemisfério sul, na alta primavera. O que temos aqui é um Halloween fora de época.
Temos que valorizar nossa cultura evitando cair no radicalismo que é o a porta de entrada para a intolerância.
Salve o saci e as bruxas. Você pode não acreditar nas bruxas, mas que elas existem não há menor dúvida. Feliz Samhain para os que sao de Samhain, Feliz Beltane para os que são de Beltane.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Precoce

O jovem andarilho, anda calmamente pelas ruas de uma cidadezinha no interior de Sergipe, nordeste brasileiro. De onde, pode-se sentir o vento salgado, vindo da bela praia do saco, há alguns quilômetros de lá. Chega em frente da igreja matriz e escuta o sino tocar, soando duas horas. Ele atravessa a rua e escolhe um banco da praça, de onde ele pode admirar o movimento dos carros e das pessoas passam de frente a praça. Do outro lado da rua pode ser visto um quiosque onde as pessoas param para se refrescar com uma água de coco, refrigerantes e cerveja.
Ele tem muito tempo, tem uma pausa de uma semana entre o natal e o ano novo. Acabara de ter um natal de muita festa regrado de muita bebida, namoradas novas, noitadas e uma sensação de vazio. Um sentimento tão velho para alguém tão novo, mas era isso mesmo, a grande pergunta, que passamos a vida inteira buscando respostas para ela. Muitas vezes não encontramos, mas era muito cedo para ele questionar, porém sua vida sempre foi precoce, aprendeu a ler cedo, entrou na escola numa turma em que todos eram mais velhos e por ser o primogênito de sua família, aprendeu cedo o significado da palavra responsabilidade. Com o olhar longe, num horizonte imaginário, sentiu a própria consciência indagar-lhe : “ Qual o sentido de tudo isso ?”
Essa pergunta era como uma lâmina muito afiada que cravava sua alma. Sentia-se como alguém que não detinha o controle de sua jovem vida. Sentia-se manipulado.
A noite era fácil perambular nas iluminadas ruas de Estância, mas sua solidão e duvidas escureciam seu semblante. O gosto da cerveja, da ultima noite, parecia estar na sua boca e em todos os seus poros. Ele não conseguia entender como as pessoas tomavam tanta cerveja e bebidas destiladas. O pior ele não conseguia entender o porquê ele tomava. Se não gostava, não fazia sentido continuar com isso. Estava se multilando. Ele acabara se chocar consigo mesmo e resolveu a partir de então viver como ele desejava viver e não como os outros achavam que ele deveria viver. Aos 16 anos de idade o andarilho toma as rédeas de sua vida, levanta-se do banco da praça e estampa um sorriso no rosto. É uma pequena decisão para muitas outras na sua vida. “Parei de beber!!” E desaparece no entardecer... Inaugurando uma nova alvorada na sua vida.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Barbantes

Nem sei porquê abri o note pad !!! Mas uma vontade louca de descrever um sentimento se apodera de meus dedos. Uma visão meio contraditória de um limiar sem ponto de entendimento. A linha do tempo que se estende a nossa frente, deixando ao mesmo tempo um longo caminho, já percorrido para trás. É como se tivéssemos um novelo de barbante em nossas mãos que vamos desenrolando a medida que vamos caminhando nessa estrada chamada vida. Infelizmente ou felizmente, vai saber, esse novelo não é como o que Perseu utilizou para escapar do labirinto do Minotauro. Não tem volta o que passou, só nos resta desenrolar mais um pouco o novelo e seguir adiante. Mas podemos olhar para trás e olhar todas as marcas que fizemos no barbante, algumas com lacinhos que nos lembram momentos e fases importantes de nossa vida. Outras partes meio chamuscadas que seria melhor não lembrar. Mas esta lá toda nossa historia. Vivemos muitas aventuras e desventuras, que para nós são as coisas mais importantes do mundo, realmente é! A nossa vida. Agora continue imaginando que esse mesmo novelo que você segura, 6 bilhões de pessoas tem um também. Uns mais curtos, outros mais longos. Uns são partidos no meio, pela irracionalidade humana, ela falta de amor. Talvez mesmo sem querer, podemos tornar o desenrolar de alguns novelos mais difíceis e facilitar outros. Pois muitos são entrelaçados formando uma grande teia, que liga os nossos caminhos. Assim e fácil imaginar que cada novelo, dos seis bilhões é tão importante quanto o nosso. E que o nosso não pode ser tão mais importante assim do que a de 6 bilhões. A vida humana merece respeito. São 6 bilhoes de pessoas com seus problemas, angustias, felicidades, marcando a cada dia o seu novelo de barbante. O barbante da vida. Com muita gentileza, para não atrapalhar os outros, vamos desenrolar o novelo de nossas vidas, imprimindo em seus fios sabedoria e amor.