terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Terra Natal

O Andarilho, depois de muito tempo, retorna a sua terra  natal. Anda pelas  ruas  olhando todas  as mudanças que aconteceram nesse  período. Anda pela multidão olhando os rostos das pessoas e se dá conta que não conhece mais ninguém. Não encontra mais ninguém, nenhum amigo. Ninguém de outrora  aventuras. Onde eles estão? Nenhum amor antigo, nenhum ex-melhor amigo, apenas os lugares onde  ficaram encrustadas as  lembranças de  uma vida.
O que aconteceu? Ele tinha  razão, “tudo muda o tempo todo no mundo.” E  a cidade  natal  dele mudou. E sentiu essa mudança justamente no Natal. É como se os vínculos  fossem desaparecendo, os rostos antigos sumiram na  bruma dos tempos, os novos  te  fazem lembrar  uma musica do Pink Floyd, tudo diferente, mas tudo igual. Não  faz  menor importância para o Andarilho. Ele nunca viu aqueles  rostos, nunca compartilhou nenhuma emoção ou aventura com eles, são “alienígenas”  que invadiram sua  terra. 

Ele continua caminhando, com um sentimento depressivo. Será que ele ainda pertence  a aquele lugar ? As  lembranças permanecem vivas, de um passado tão distante, que parecem que foi ontem. Tudo está diferente, o transito, vegetação, pessoas. Talvez ele tenha sido abduzido e devolvido  50 anos depois. E mais uma vez  ele tinha razão  “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia.”  Então ele se dá conta que  tem que viver  o momento em sua cidade, pois  da próxima vez que  voltar, tudo estará diferente  de novo.

Feliz Natal - 2013


domingo, 11 de agosto de 2013

Mais um dia dos pais


Mais  um dias dos pais… Lá em casa meu pai sempre fazia  um churrasquinho, quando não saia  uma lasanha. Estávamos sempre juntos, acordávamos cedo e  íamos  levar os presentes para ele. Não me lembro de ter passado um só dia dos pais longe dele. E sinto muita falta disso, gostaria de ter tido mais dias dos pais com ele. Mas  não foi isso que  a vida quis. Ele partiu cedo. 
No inicio desse  ano,   achei que, enfim, passaria o dia dos pais juntos dos meus filhos. Coisa que nunca consegui. Mas infelizmente não foi dessa vez. Fiquei com  2/3 deles. Mas não é o suficiente sempre falta alguma coisa. Será que algum dia terei  os três  reunidos  no dia dos pais ?   
De coração quebrado, sigo amando todos os três. São meus filhos, lindos e maravilhosos. E não devolveria nenhum deles.
Alana, João e Julia.... amo vocês.  Pai, saudades e amor  eterno, que assim seja e assim se faça.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Há sete anos


Há  sete anos, numa manha  ensolarada de  sexta feira, eu sai de casa com uma  mala enorme rumo ao aeroporto Galeão. Estava deixando tudo para trás, família, amigos, minhas  raízes, trabalho. A minha filha já tinha ido embora para Minas. Mas enquanto eu arrumava  a mala  e pegava  o ônibus eu procurei a não pensar muito nisso não. Acho que vi a cara da minha mãe  atônita umas  2 vezes. Afinal acontecera  tudo muito  rápido. Em 15 dias eu já estava com emprego definido em  Brasilia
Eu estava  apostando todas as minhas fichas, num plano de amor. Uma pessoa que estava disposta a recomeçar comigo. Recomeçar  é  a melhor palavra, pois ambos estavam mal financeiramente  e emocionalmente. Sim, com apenas 6 meses e namoro, a distancia, estamos  dando o maior passo de nossas vidas. Era  um tiro no escuro, uma aposta alta. Mas  movido pelo amor e querendo mudar  a vida, eu  mergulhei na noite escura e  cheguei a Brasilia numa  tarde  de sol em plena  seca. 
E nossa vida  começou num pequeno  apartamento no bandeirantes. Não tínhamos quase nada, mas tínhamos  muito, tínhamos um ao outro. E foi dessa forma, nos ajudando que  compramos nosso primeiro carro, nossa primeira viagem...  e  formamos nossa  família. Aposta certa. Acertamos em cheio. Um belo tiro.
Agradeço as Deuses  pelo  mergulho na noite escura, que me proporcionou  um lindo  raiar  do dia. Os raios do sol agora  abraçam nossa  família numa  manha de brisa  fresca no parque. Sou feliz e agradeço a mulher que  tornou tudo isso possível . Obrigado por  também apostar em   nós. 
Obrigado meu amor, obrigado RAQUEL VALERIO.

domingo, 5 de maio de 2013

A Noite Escura


A festa  acabou, pelo menos para o Andarilho. Nada daquilo fazia sentido, não  era o seu mundo. Havia ido por  educação ou para agradar alguém. Mas agora chega, queria ficar  quieto, sozinho. Precisava tomar uma decisão, aguardava a festa acabar, sentando num canto, ou  vencia  a escuridão do caminho. Esperar a  festa  acabar, para ele, seria  uma violenta derrota para os  seus  princípios e desejos. Então resolveu  enfrentar a noite escura.  A lua  cheia  iluminava  o íngreme  caminho, daquela estrada de  terra batida, resfriada  pelo inverno. Os  temores e a  sensação de  estar  sendo vigiado, faziam o coração do Andarilho ficar inquieto. Fadas da noite, gnomos, espíritos brincalhões ou  guias, ou ainda quem  sabe  um saci ou qualquer entidade  do folclore  brasileiro. Todos povoavam os medos e  anseios  do Andarilho. Assim é a noite escura, avançamos no desconhecido, nossa mente se perde diante do desconhecido. Nossa visão racional falha, enquanto que os outros sentidos  ficam aguçados, uns até demais. Escutava todos os barulhos que a natureza podia fazer, de  grilos a  cachoeiras. O assustador eram aqueles que não davam para identificar. A estrada era tortuosa e cheia de  pedras e buracos, todo cuidado era pouco.  Nesse momento seu coração, recebeu uma dose de  luz e começou  a  dizer   para o Andarilho que  a  vida era exatamente assim. Quando nos enveredamos  por caminhos desconhecidos, sentimos medo, a estrada  é tortuosa e  temos sempre que transpor os obstáculos que  não conseguimos ver direito, mas estão lá.
O importante, continuou  ele,  é  continuar caminhando e sempre se lembrar que uma luz  prateada  no céu está sempre iluminando o seu caminho. Caminhe, aprenda e  sinta  a  presença  divina  te guiando, basta olhar para cima.
Ao deixar  o caminho uma luz  forte de uma lâmpada, ofuscou a vista do Andarilho. Lá estava  o fogo  aceso  e crepitando, oferecendo um confortante  calor e  um café. Agora  era hora de descansar. Ele olhou para o Céu, admirou a lua  cheia  por  um instante, fez  uma  oração juntamente com seu coração e  entrou  na casa  indo em direção ao fogo.

domingo, 17 de março de 2013

Milagres

   
   Na penumbra da noite, o andarilho olha pela janela enquanto a aeronave vence a barreira das nuvens.       Há alguns dias havido entrado num construtivo debate sobe milagres. Para ele o milagre não existe enquanto a sua comum concepção. Se existisse contradizer ia a perfeição de Deus, pois a natureza é a obra perfeita de Deus, e tudo que acontecesse contrariando suas leis, exporia a duvida quanto sua perfeição. O que seriam os milagres então? 
   Na abóboda escura, ele enxerga um fino traço de luz laranja e quanto mais olhava essa luz se tornava mais forte e densa, até que o Astro Rei rompe totalmente o horizonte inundando o céu negro de Luz. Uma pequena lagrima rola no rosto do andarilho, ali está sua resposta há 36 mil pés do chão. Eis o milagre de Deus. O milagre da vida, do sol que ilumina nosso dias, fornecendo energia e força necessárias a vida. A noite escura, que precisamos para descansar e, em nossos sonhos, experimentarmos o sagrado. Esse é o verdadeiro milagre, acordamos todos os dias e experimentarmos a vida, a natureza e tudo aquilo que Deus nos disponibiliza. Nenhum um dia é igual ao outro, mas os milagres acontecem todos os dias, preservando a perfeição da Criação e nos enchendo de vida. Sinta que possa sentir. 
   O sangue circula mais devagar e o andarilho sente uma grande paz. As montanhas agora iluminadas, vão aparecendo no horizonte cada vez mais perto. As cidades começam a acordar, e enfim ele está no chão. Na escada ele olha para o céu e pensa “há alguns minutos eu estava lá”, mais um milagre de Deus, ele agradece aos Deuses e sai para mais um dia de trabalho, esperando receber as bênçãos de muitos milagres. Que assim seja e assim se faça.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Há 15 anos

Há 15 anos você nasceu, as contrações vinham aumentando devagar e então um grito ecoou em volta da maternidade do hospital. Vi você ser limpa pelas enfermeiras, fotografei cada momento. Em algumas horas lá estavam os seus avós te visitando me enchendo de orgulho. E então você cresceu éramos cúmplices, você e eu. Inteligente e bonita se destacava nos primeiros anos de estudo. Uma vez fui te buscar na escola depois de uma briga de colegas, e vi os seus olhos assustados, mas quando te dei razão ao invés da professora, ganhei um abraço e um choro contido. Mas veio a separação, você foi arrancada de mim como se fosse um marginal. A distancia imposta a nós foi uma bomba em meu coração. Segui a vida, e resolvi que ia me preparar para um dia te receber. Ter condições de te dar o melhor. E durante esses anos fiz de tudo para ficarmos perto o máximo possível. Viagens, passeios sempre que você precisou eu não media esforço para rodar mil quilômetros para ter você mais perto. Então a adolescência chegou, seus interesses mudavam, seus irmãos chegaram e você se afastava, vivia num mundo de amigas e interesses fúteis. Mas eu seguia meu plano, eu ia viver com você. Fizemos nossa primeira viagem internacional juntos. Adorei fazer isso, com 13 anos você saiu do país, e eu estava com você. Mas o que deveria servir para aproximar, só fez afastar. Comecei a ser um “paitrocinador”, nada mais que isso. Apesar de sofrer, continuava os meus planos, eu podia mudar, tinha certeza disso. Acho que estava parecendo um adolescente também. Então chegou o momento, acabou o primeiro grau e eu poderia te oferecer uma escola legal com todas as aulas que você sonhava, música, artes cênicas , dança.... Fiquei feliz, te fiz uma homenagem, dancei a valsa e ajudei a fazer a festa dos seus sonhos. No retrovisor enfim eu via meus filhos juntos, hora discutindo, se ajudando, nada mais me faria tão feliz. A não ser o momento que te vi com o uniforme do La Sale, foi como se uma parte da minha vida passasse diante de mim. Mas bastaram 2 dias, míseros 2 dias, que é a distancia entre o paraíso e o inferno. Tudo que acreditei, que sonhei foi jogado no lixo por você. Mais uma vez com argumentos infantis e fúteis, recebi uma punhalada. Abandonou sua nova vida, sua nova oportunidade. Deu adeus ao convívio familiar dos seus irmãos, da sua afilhada, por aplausos num picadeiro circense mambembe. Comprou todas as perdas impostas, acreditando na impunidade. Nada pude fazer, pois você pertence a sua mãe, que preferiu a sua volta depois de uma atuação digna de Hollywood. Contra tudo e todos que gostam de você, fechou os ouvidos e dirigiu os olhos ao umbigo, onde concentram todos os seus sentimentos. E do dia 8 de fevereiro de 2013, você entrou naquele ônibus amarelo, deixando para trás os sonhos, esperanças e expectativas. Como numa foto amarelada pelo tempo, que sabemos que não volta mais. O sentimento de derrota é enorme e tudo que fiz escorreu numa cachoeira de emoções rumo ao sal do mar. Que o sal cure essas feridas ainda expostas, e que as cicatrizes não sejam tão profundas quanto as dores. Nesse dia só posso te desejar, o que um pai que ama seus filhos deseja, que você seja feliz da forma que puder. Feliz Aniversário !!!