sábado, 8 de setembro de 2007

Amor e tolerância


Na cidade do México, há um museu nas ruínas do El Templo Mayor. O andarilho caminhado pelas suas ruínas, descobertas numa demolição, observa a grande catedral cristã erguida ao lado. Dentro do museu, ele admira as peças de uma cultura que já não existe, máscaras artefatos, restos mortais, marcas de uma magnífica cultura, exterminada por espanhóis sedentos de conquistas. Ele chega a uma sala, onde está montada uma maquete do templo. Que linda obra! Uma maravilha arquitetônica.
Um sentimento de decepção e raiva aflora do andarilho, ao comparar aquela linda obra com as suas ruínas. Como podem os espanhóis fazer isso? Destruíram uma cultura, a força, para impor a deles. O pior que muitos deles estavam motivados pelo seu "Deus" que não gostava de idolatria pagã. Isso era motivo para matar, destruir e pilhar. Que tristeza. O Andarilho vê mais uma vez a Catedral imponente na principal praça da capital mexicana. Símbolo de fé e da nova ordem no México. Construída a menos de 500 metros das ruínas do Templo. A mente do andarilho começa a viajar nas barbáries praticadas pelos espanhóis aos habitantes nativos daquela tão bela cultura. Ainda bem que essas barbáries não acontecem hoje. Será?
De volta ao Brasil, caminhando pelo centro, onde deveria haver um cartaz de uma bela peça de teatro, há um enorme letreiro que dizia: "Igreja Universal..."
Não sabia que existia uma igreja universal, na qual todos compartilhassem com ela seus preceitos. E quem lhe deu o direito de usar o seu poder econômico para comprar cinemas, teatros, para poder vender a sua versão de um livro considerado sagrado?
Agora ao invés de artistas no palco, há pastores (?!), ao invés de aplausos, há uma gritaria histérica. Será que o Deus que eles cultuam é surdo?
O poder econômico de igrejas compra os antigos templos de arte e cultura e os transformam em locais religiosos. Eles também não se importam com a arte e a cultura do povo. Apenas querem que as pessoas sigam suas verdades e seu modo de vida. E de preferência que paguem para isso. Esse tipo de organização transforma nosso povo em serem incapacitados de pensar e tomar decisões. A cultura e outros conhecimentos são ligados ao mal, assim ficam proibidos. Uma verdadeira vida de gado, que nem marca tem.
Rapidamente o Andarilho lembra dos espanhóis no méxico. Qual a diferença ? Talvez alguns séculos de distância, mas os objetivos são os mesmos.
Não somos diferentes, fazemos as mesmas atrocidades, só que as dos outros são sempre piores que as nossas.
Ele desaparece no meio da noite, caminhando por uma rua escura, que esconde a lagrima que rola no seu rosto. Ao longe podemos ouvir o seu coração clamar por amor e tolerancia.

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