domingo, 11 de janeiro de 2009

O Novo e o Velho


    Num canto de sua sala, a meia luz, o andarilho navega pela internet. Vai a lugares que nunca conheceu e a lugares que ainda irá. Desde cedo a tecnologia fez parte de sua vida. Ele é de um tempo que não existiam telefones celulares, caixas eletrônicos e computadores eram trambolhos inacessíveis, muitas vezes só vistos em filmes de ficção.
    Acompanhou todo o desenvolvimento da tecnologia e transformou isso a seu favor. Hoje depende dela para o seu sustento. Mas também usa a mesma tecnologia para buscar o seu passado, suas origens. Aprendeu que a tecnologia nos mostra que, na verdade, nosso futuro está no passado. Não tecnologicamente falando, mas a visão humanitária que perdermos, só pode ser encontrada no limiar de nossa era.
    Onde os homens interagiam sentados ao redor de uma fogueira, olhavam uns nos olhos dos outros enquanto comiam e bebiam.
    O tempo passava mais devagar. O stress praticamente não existia. Os Deuses eram mais humanos, estavam mai s perto da realidade terrestre participando da vida cotidiana de todos. Estávamos mais preocupados em entender a natureza e conviver com Ela. Não havia ONGs querendo salvá-la, pois tudo era uma coisa só. Havia a consciência que éramos parte da natureza e a destruindo estaríamos destruindo a nós mesmos.
    Há um paradoxo no qual o andarilho convive diariamente. Através do novo ele busca o antigo, reaprende o caminho das brumas e busca o conhecimento da Terra das Maçãs.
    Ele fecha o seu notebook e olha para a lua cheia, respira fundo, faz uma reverencia a Deusa mais antiga e vai dormir. Amanha é um novo dia, um novo tempo e uma nova história de nosso planeta, que um dia será contada nas sendas do tempo, ou não.

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