sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Precoce

O jovem andarilho, anda calmamente pelas ruas de uma cidadezinha no interior de Sergipe, nordeste brasileiro. De onde, pode-se sentir o vento salgado, vindo da bela praia do saco, há alguns quilômetros de lá. Chega em frente da igreja matriz e escuta o sino tocar, soando duas horas. Ele atravessa a rua e escolhe um banco da praça, de onde ele pode admirar o movimento dos carros e das pessoas passam de frente a praça. Do outro lado da rua pode ser visto um quiosque onde as pessoas param para se refrescar com uma água de coco, refrigerantes e cerveja.
Ele tem muito tempo, tem uma pausa de uma semana entre o natal e o ano novo. Acabara de ter um natal de muita festa regrado de muita bebida, namoradas novas, noitadas e uma sensação de vazio. Um sentimento tão velho para alguém tão novo, mas era isso mesmo, a grande pergunta, que passamos a vida inteira buscando respostas para ela. Muitas vezes não encontramos, mas era muito cedo para ele questionar, porém sua vida sempre foi precoce, aprendeu a ler cedo, entrou na escola numa turma em que todos eram mais velhos e por ser o primogênito de sua família, aprendeu cedo o significado da palavra responsabilidade. Com o olhar longe, num horizonte imaginário, sentiu a própria consciência indagar-lhe : “ Qual o sentido de tudo isso ?”
Essa pergunta era como uma lâmina muito afiada que cravava sua alma. Sentia-se como alguém que não detinha o controle de sua jovem vida. Sentia-se manipulado.
A noite era fácil perambular nas iluminadas ruas de Estância, mas sua solidão e duvidas escureciam seu semblante. O gosto da cerveja, da ultima noite, parecia estar na sua boca e em todos os seus poros. Ele não conseguia entender como as pessoas tomavam tanta cerveja e bebidas destiladas. O pior ele não conseguia entender o porquê ele tomava. Se não gostava, não fazia sentido continuar com isso. Estava se multilando. Ele acabara se chocar consigo mesmo e resolveu a partir de então viver como ele desejava viver e não como os outros achavam que ele deveria viver. Aos 16 anos de idade o andarilho toma as rédeas de sua vida, levanta-se do banco da praça e estampa um sorriso no rosto. É uma pequena decisão para muitas outras na sua vida. “Parei de beber!!” E desaparece no entardecer... Inaugurando uma nova alvorada na sua vida.

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