domingo, 15 de julho de 2007

Pai


Pai....

Saudade das nossas aventuras.
Quando nasci, sei que você depositou muitos desejos em mim. Sei que não alcancei a metade deles enquanto estivemos juntos. Mas fiz o meu melhor, embora muitos dos seus desejos passaram a não corresponder com os meus anseios. O senhor gostaria que eu fosse Médico, mas me tornei um Analista de Sistemas, porém eu fui o único filho que o senhor participou com orgulho da entrega do tão sonhado “canudo” da faculdade. Vi em seus olhos a felicidade de prestigiar seu filho discursando e recebendo os louros de uma etapa de luta e acompanhada de perto por todos .
O senhor queria que eu fosse um católico, devoto de Nossa Senhora Aparecida. Mas não o acompanhei, porém como todo Cristão (aquele que acredita em Deus), continuei sendo um devoto de Nossa Senhora Aparecida. Além disso, conheci muitas culturas e formas de pensamentos que melhoraram minha visão e minha vida pessoal. Uma religião centrada na Natureza, com uma crença baseada na dualidade do Divino, onde o equilíbrio é uma busca constante, como todo Universo e as forças que o mantém. Assim acredito no masculino e feminino, yin e yang, positivo e negativo... na Deusa, grande Mãe e no Deus, grande Pai. Semana passada eu fiz o meu primeiro casamento como sacerdote, que cuja principal função é mostrar os mistérios para quem quiser conhecê-los e merecê-los. “Faça o que queres desde que não prejudique ninguém”.
Mas os seus ensinamentos, de moral e deveres sempre fizeram parte de mim. Tudo bem que muitas vezes tivemos nossos problemas em vários aspectos. Mas sabemos que o Senhor me instruiu da melhor forma. E carrego isso comigo até hoje, com muito orgulho.
Lembra quando atravessávamos a ponte em Aparecida e o senhor me protegeu, do perigoso e assustador anão que nos seguia ? Quantas vezes me socorreu com o meu carro quebrado ? Lembra quando eu comuniquei que deixaria a condição de ser só filho ? Sua felicidade foi imensa, que minhas costelas quase quebraram com a força do abraço. Não lembrava de ter sentido um abraço tão forte seu.
Tivemos tantos momentos de paz e tranqüilidade nas nossas pescarias na roça . Sei que nunca mais acharei ovinhos da páscoa nos montinhos de mato na roça, mas todos esses ovinhos e centenas de outros mais, estão guardados no meu coração para sempre.
O senhor deixou muitas pessoas com saudades, pois pequenos gestos, causavam grande comoção. Como de nosso amigo Tarcísio Reis que na sua despedida, mostrou uma caderneta com todas as vezes que o senhor deixou nossa casa para socorrer o pai dele.
Teve o dia que fomos assistir o jogo do Vasco em São Januário. Jantamos no restaurante do Vasco e ainda ganhamos de 4 a 2. Que emoção passamos juntos !!!
Mas o senhor também adorava uma molecagem, como no dia em que “raptou” a Alana, sua neta recém nascida e passeou a tarde inteira com ela deitada no banco do carona.
Mas eu gostava mesmo era de mostrar para o senhor que eu não era mais criança. Gostava de dirigir, de te ajudar a mexer no carro, de trocar um pneu.
Lembro com curtição da nossa última viagem em família, indo para Bom Jardim. Já estávamos todos crescidos, mas o Senhor levou todos para conhecer a família da namorada do Flávio. Quanta alegria!
Foram tantos momentos bons, que me enche o peito de orgulho e saudade, nunca deixando de pensar em ti, pois só eu sei a falta que você me faz.
PAI, você agora terá outro neto, e gostaria muito que estivesse presente em vida para conhecê-lo, mas sei e sinto que de alguma forma você esta entre nós e acompanhando todo o crescimento dessa nova família e principalmente protegendo essa nova vida.
Tenho muitas saudades! E obrigado por me permitir ser teu filho, pois eu tenho muito orgulho de termos vivido tudo isso juntos.
Um dia nos reencontraremos !!!

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